All the Right Reasons

quarta-feira, outubro 11, 2006

O ontem é igual ao hoje

«O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. (…) O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. (…) A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!»

‘As Farpas’ Ramalho Ortigão e Eça de Queiroz
Escrito há 160 anos

É impressionante como um texto redigido há quase 160 anos parece tão actual… O pior é que se calhar o país ainda está pior! Tudo bem que temos estradas, temos novas infra-estruturas, temos evolução, mas o que é certo é que o país parece continuar igual… As pessoas cada vez mais não mostram civismo nenhum (podemos dar o exemplo das estradas em Portugal, que continuamos a estar na cauda da Europa, mas como é claro, pelas piores razões possíveis e imaginárias). Como é que é possível? É claro que temos a fama do macho latino, aquele que é mais forte, que chega primeiro, o numero um em tudo, mas não tem de ser, e realmente não é, e a prova disso é sermos na maior parte das vezes os 1ºs (dos últimos) em qualquer escala ou estatística da Europa. As pessoas só pensam nelas próprias e só olham para o seu umbigo. O português tende cada vez mais a mostrar a sua faceta gananciosa! Ora se os portugueses são assim, são portugueses assim também que nos governam. O País atravessa sérias dificuldades, dizem até que o país está de tanga, mas a meu ver, essa fase já passou, e agora estamos mesmo é de fio dental. Gasolina mais cara, impostos mais altos… Aliás, eu antes era pobre, e agora, já nem sei o que sou porque se aperto mais o cinto, os meus olhinhos saltam das orbitas de certeza absoluta! E isto vai se agravando, pois cada vez mais é maior o fosso entre pobres e ricos, cada vez existe mais desemprego, a desmotivação é total, e depois o que é que o português vai começar a fazer? A roubar e isto depois transforma-se na república das bananas. Mas a culpa não é só do estado… Sinceramente (e é claro que existe muitas, e ainda bem, excepções) acho que a culpa é mesmo do português, porque ele “adora” trabalhar… É ver os funcionários camarários todos reunidos á volta de uma pessoa, que ultimamente é sempre alguém da Europa do leste, a dizer – É mais para a esquerda Serguey – enquanto outro diz – se fosse eu fazia assim! Mas não são os únicos… Piores são aqueles que dão má imagem ás instituições públicas e que fazem com que essas mesmas sejam mal vistas pela sociedade. É ver me a chegar ás finanças, numa tarde de Agosto em que os ténis derretem no alcatrão, entrar dentro da instituição, ficar 4 horas á espera, porque a senhora que me vai atender está a discutir com a colega do lado sobre a ultima expulsão do big brother ou algo do género. É desesperante… E depois quando finalmente sou atendido, e o numero da minha senha aparece (era o numero dois, mas quando lá cheguei, ia no 72) dizem me que tenho de lá voltar pois tenho que preencher o impresso numero não sei quê e trazer a fotocopia não sei que mais, isto claro, pagando sempre qualquer coima por atraso… Alem de angustiante, faz-nos pensar no suicídio e no homicídio, não necessariamente por esta ordem claro!
Mas isto do civismo já devia vir na educação de cada um, ou então, porque não ensiná-lo nas escolas? Ensinam Educação Sexual, que faz os “putos” questionarem a sua sexualidade (nesta parte nem sequer me vou esticar) quando a maior parte das coisas, aprendemos na televisão ou nos anúncios por ai fora! Porque não criarem uma nova disciplina com o nome “Introdução ao civismo”? Podia resultar… E em vez de playstations, como prenda por baterem na professora, recebiam, sei lá, porque não perder a cabeça, e aplicarem-lhes um valente puxão de orelhas? Talvez resultasse… Ou não…
A meu ver acho que se calhar resultava, se as pessoas (e também me posso incluir no lote) mostrassem um pouco mais de civismo, de bom senso ou mesmo de educação. Utilizando uma frase feita, “ O respeito é como um sorriso… Todos tem e convêm mostrá-lo de vez em quando”, se bem que para tirar o país deste estado deplorante, eu trocava o “… de vez em quando” e punha sempre, e para sempre!

4 Comments:

At 11:11 da tarde, Blogger Arpedro said...

Muito bem. Era mesmo esta a ideia. Gostei bastante, mas quando me chegar às mãos, vou ter de pôr a caneta vermelha a fazer algumas (muitas) correcçõezinhas. LOL
É este o texto que me vais entregar, não é?

 
At 9:15 da manhã, Anonymous Anónimo said...

"Many of the truths, we cling to, depend greatly on our point of view. Who's more foolish: the fool, or the fool who follows him?”

 
At 12:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Adoro ver-te escrever assim... :) beijo

 
At 2:01 da tarde, Blogger Susana Fonseca said...

Ai tão lindinho a fazer trabalhos de português!!!

 

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