All the Right Reasons

sábado, fevereiro 14, 2009

Trevas

Grito!!!

Ninguem me ouve...
Sinto me sozinho e perdido num sitio escuro, onde ninguem me consegue encontrar.
Onde estou eu?

Que sitio é este sem luz, sombrio, carregado de medo, ódio e terror?
Serão as trevas, pergunto-me eu?

O inferno não é, disso eu sei...
Falta o calor ofegante, falta a lava, falta o carvão e as brasas, falta o senhor chifrudo!

Serão as trevas?

Não é maldade o que me invade a alma...
É uma mistura de ódio com tristeza que me queima por dentro, e desfaz em cinzas, todos os bons e decentes valores, que antes, eram um emblema, um simbolo, dela...
Da minha alma!

Quando não sofro...
Faço sofrer...
E sofro por isso...

Serei o escolhido do senhor das trevas?
Sempre achei que era especial, que era unico, e que estava destinado a fazer grandes coisas...
Será este o meu propósito, nesta vida?
Sou especial pelos piores e mais terriveis motivos?
É por isso que estou só e grito sem ninguem me ouvir?

Então...

Pra quê, gritar?

Momentos momentâneos

Acordo...
Olho para o lado, e a imagem que vi ontem na cara daquele ser, que deita ali, na outra ponta da cama, não é a mesma.
O álcool tem este efeito...
Mais um momento...

Mais uma altura em que procuro a felicidade em momentos, em instantes, em recordações.

Levanto-me e dirijo-me à casa de banho. Abro a torneira e passo água pelo rosto...
À minha frente, um armário onde a porta é um espelho e onde consigo quase ver o reflexo da minha alma, negra. Ao lado, numa cómoda em pinho claro, todos os cremes e perfumes, dignos de uma mulher que se cuida, que tem precauções com a sua imagem. Por isso é que ontem eras linda, penso eu para mim.

Volto ao quarto e olho para a cama, onde aquele corpo estranho, para mim, jaze nu!
Ao lado, no chão, as nossas roupas formam um bolo misto de ganga e algodão, com uns toques de cetim, do seu vestido preto de noite.

Visto-me e saio porta fora, em direcção ao elevador. Lá dentro, o vidro rachado. Vestígios de uma noite violenta, quando eu a agarrava pelos cabelos vermelho escarlate, e a beijava ferozmente, pressionando o seu corpo torneado e esbelto no meu, e no espelho que infelizmente sucumbiu à força do nosso desejo.

Saio para a rua.
Lá fora, o sol queima-me os olhos e a alma, como se fosse a 1ª prestação do meu pecado. É sempre assim...
Julgo sempre que é a 1ª, porque nunca acaba...

Entro no carro e arranco.
Destino?
Até ao próximo momento momentâneo!